Artigos por Clarissa Medeiros

Autoestima e transformação global andam juntas.

Já parou para pensar como estamos vivendo um momento crítico e, ao mesmo tempo, muito possibilitador? Se, por um lado, a pandemia intensificou a complexidade dos problemas que já existiam, tanto no âmbito pessoal quanto...

Já parou para pensar como estamos vivendo um momento crítico e, ao mesmo tempo, muito possibilitador? Se, por um lado, a pandemia intensificou a complexidade dos problemas que já existiam, tanto no âmbito pessoal quanto social, por outro, hoje temos a oportunidade de desconstruir formas de viver e de trabalhar que não fazem mais sentido. Parece haver uma chance de criar um novo paradigma para avançar, se agirmos rápido. 

Por exemplo: o stress com o trabalho aumentou ainda mais, a ponto de o burnout (síndrome do esgotamento profissional) se tornar a nova pandemia nas empresas. Ao mesmo tempo, a resistência das próprias empresas a métodos de desenvolvimento humano que gerem efetivo autoconhecimento vem caindo e dando espaço a novas abordagens. Tenho feito cada vez mais palestras e workshops sobre felicidade, equilíbrio emocional, auto estima. Sou convidada semanalmente para programas que fortaleçam as relações construtivas, a inclusão de mulheres, de pessoas negras e de outros grupos historicamente minorizados nas empresas. Isso seria impensável há dez anos, quando eu estava começando a empreender. Naquela fase, estas questões eram tratadas apenas em conversas privadas.   

É fato que estamos evoluindo, mas ainda num movimento trôpego, que combina avanço tecnológico com decadência humanitária. Se a ciência nunca foi tão avançada (pelo menos na civilização ocidental tal como a conhecemos), a qualidade de vida, do ponto de vista da sustentabilidade ambiental e da felicidade humana, parece tão atrasada.

Todos sabemos que precisamos de uma mudança consistente na forma de trabalhar, de produzir e de consumir para evitar o caos. O que isso tem a ver com auto estima?

A falta de autoestima nos leva a esperar que um salvador transforme a situação e, assim, jogamos fora o nosso poder pessoal. Isso acontece quando depositamos a expectativa da mudança nos governantes, nas convenções do clima (todas fracassadas, ano após ano), nos CEOs das grandes empresas. Inegavelmente, lideranças que definem as políticas públicas e empresariais têm uma responsabilidade maior do que “cidadãos comuns”. Entretanto, a imensa maioria das lideranças têm questões de autoestima e buscam afirmar o seu valor com métodos errados. A guerra da Ucrânia é apenas uma dentre muitos exemplos que poderíamos citar, diante da imensidão do uso distorcido do poder.

A maioria das pessoas não sabe que têm uma questão de auto-estima. Simplesmente passam a vida buscando “reconhecimento” externo e “soluções” que venham de “fora”. Quando deixamos de curar nossas próprias feridas e terceirizamos as responsabilidades, estamos deixando de viver de nossas escolhas, que é a maior liberdade que podemos alcançar. 

Quando vivemos de nossas próprias escolhas e são escolhas saudáveis, é sinal que temos um poder pessoal fortalecido e uma boa construção de caráter – é aquela capacidade de ir “lá fora” e de fazer o que a gente se propõe a fazer, de acordo com nossos valores. Termina a autossabotagem, nasce a auto responsabilidade. Acaba o sentimento de ser uma vítima das situações. Passamos a ter um olhar mais generoso para cultivar relações construtivas, com outras pessoas e com o ambiente que nos cerca. Essa é a essência da humanização das relações, tão necessária atualmente dentro e fora das corporações. Afinal, não somos robôs. Penso que a auto responsabilidade é a condição indispensável para impulsionarmos uma grande transformação, e que a autoestima fortalecida é a base deste processo. Por este motivo, vou me dedicar mais a conversar sobre auto estima e espero contar com suas contribuições nesta conversa.

Créditos da imagem:  inkedinsalesnavigator by Unsplash
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