Vivemos tempos extremamente desafiadores.
A tragédia climática que assola o Rio Grande do Sul – e outras que acontecem também ao redor do mundo – não apenas causa uma devastação física e material, mas também desencadeia uma profunda comoção emocional a quem de alguma forma é afetado, direta ou indiretamente, por esses desastres.
Estamos inseridos em um contexto de solidariedade, de ajuda e de compreensão ao sermos constantemente expostos às notícias e ao amparo a quem mais precisa, o que pode levar a um aumento do estresse, fazendo-nos desconcentrar emocionalmente e perder o foco.
Esse é o momento em que nossos afazeres diários podem sofrer um baque. Ainda mais se tratando do mundo corporativo, onde as demandas podem facilmente sobrecarregar tanto líderes quanto equipes.
O impacto emocional dessas tragédias não pode ser subestimado, precisa ser levado em consideração. Abala a sensação de segurança e estabilidade das pessoas, gerando ansiedade, medo e desesperança. Além disso, há os imensos impactos logísticos e econômicos que continuarão a afetar diversas cadeias de valor nos meses por vir.
Por tal razão, enquanto lidamos com a excessiva pressão psicológica por todos os lados, é crucial reconhecer a necessidade de abordagens que priorizem a saúde mental. E é nesse contexto que a humanização das relações na liderança e a priorização da segurança psicológica tornam-se ainda mais cruciais. Lideranças comprometidas com este enfoque na gestão de pessoas são capazes de manter a resiliência e paciência diante das adversidades e fornecer suporte e orientação às equipes, ajudando a diminuir os efeitos do abalo emocional e promovendo a resiliência diante da adversidade.
Portanto, gostaria aqui de fazer um chamado às lideranças.
Para abordar esses desafios, é crucial que adotemos uma abordagem mais humanizada. Isso envolve estar consciente das nossas próprias necessidades emocionais e da equipe, cultivando uma cultura de apoio mútuo e empatia.
Na prática, é priorizar o seu autocuidado e centramento emocional enquanto você se propõe a ter mais disponibilidade para as pessoas.
Ao reconhecer e responder às necessidades emocionais dos colaboradores em face da adversidade, podemos criar um ambiente de trabalho onde todos se sintam apoiados e capacitados a enfrentar os desafios complexos que estão emergindo.
É fundamental que nos voltemos para o coração da liderança: as pessoas. É crucial lembrar que por trás de cada colaborador está um ser humano, suscetível a emoções e vulnerável aos impactos do ambiente ao seu redor. Muitos estão passando por lutos e perdas materiais.
Como disse, as notícias de desastres naturais não afetam apenas as áreas físicas atingidas, mas também abalam a estabilidade emocional de todos nós. Como líderes, temos poder e a responsabilidade de reconhecer e responder a esses chamados.
Isso significa ouvir atentamente, não apenas as palavras ditas, mas também os sentimentos subjacentes. Significa perceber as nuances das situações e capacidades emocionais de cada indivíduo da equipe e esperar do outros aquilo que ele tem condição de entregar no momento, e não mais.
Ao praticarmos a empatia e a compaixão, construímos laços mais fortes e promovemos um ambiente de trabalho mais saudável e capaz de superar obstáculos. Isso será cada vez mais necessário num contexto de mundo em transição, como este que vivemos.
Portanto, faço esse convite, para que nos comprometamos com uma abordagem de liderança verdadeiramente humanizada.
Sei que existe uma dificuldade imposta pela necessidade de atingir metas constantemente. Mas também acredito que encarar essa decisão e aceitar a colaboração mútua na relação entre líderes e liderados irá surtir mais efeito do que impor decisões e gerir na base do defasado “comando e controle”, fazendo com que melhores resultados sejam entregues neste momento.
Juntos, podemos superar qualquer desafio e emergir ainda mais fortes do que antes.