Neste ultimo mês de maio, foi publicada a pesquisa Panorama Mulheres 2023, realizada pela Talenses Group em parceria com o Insper, trazendo como pauta a ascensão de mulheres no mundo corporativo. Essa pesquisa é feita desde 2017 e, esse ano, avaliou intersecções e crescimento da presença de mulheres em cargos de diretoria, vice-presidência, presidência e conselhos de 381 empresas nacionais.
Em 2019, 13% dos cargos de presidência eram ocupados por mulheres. Em 2023 esse índice saltou para 17%. Em relação aos conselhos de administração, em 2017 10% dos postos de conselheiras eram preenchidos por mulheres, hoje esse número é de 21%. Quando avaliamos as ocupações de vice-presidência, 18% eram exercidas por mulheres, enquanto, agora, temos 26% das mulheres vice-presidentes. Já as diretorias tinham 21% de mulheres e hoje são 16%.
É sobre esse último dado que quero me ater. O crescimento em cargos de diretoria está mais lento realmente. Percebo isso na minha relação com executivas através de mentorias ou workshops que faço nas empresas. Existem mais cargos de diretoria, menos vagas e, além disso, trata-se de um nível profissional onde a resistência masculina é maior. Por isso, é importante que as empresas tenham ações intencionais para retenção das diretoras, assim como ações afirmativas para mulheres ao longo da jornada de carreira, envolvendo o pré-pipeline (aquelas que ainda não ocupam cadeira de gestão), o primeiro nível de liderança e o nível gerencial.
Outro dado interessante para pensarmos sobre esse decréscimo de mulheres na diretora é a pesquisa da McKinsey e Lean in (Women in the Workplace) que sinalizou para a evasão feminina quando mulheres alcançam a diretoria. Os dados de 2022 mostram que para cada mulher promovida, duas deixam a empresa. São vários aspectos que impulsionam essa decisão – falta de benefícios significativos, sobrecarga, equilíbrio da vida profissional e pessoal – é muito provável que tal fenômeno esteja acontecendo por aqui também.
Mas temos que celebrar os avanços! Ao verificar os dados sobre números de mulheres em cadeiras nos Conselhos não pude deixar de lembrar da ação afirmativa feita pela Bolsa de Valores de São Paulo no sentido de estimular a presença feminina. Uma evidência bem-vinda de que movimentos intencionais voltados para a equidade trazem resultados.
Também é digno de aplauso o aumento de mulheres na presidência das empresas. Uma evolução muito merecida, fruto de trajetórias de muito empenho destas executivas e que, sem dúvida, agregam muito valor às companhias. Mulheres na liderança geram mais riqueza e transformam a realidade à sua volta. Certamente, um mundo em que a mulher tem mais voz e poder de ação será mais justo e equilibrado.
Seguimos nas transformações diárias, temos muito para avançar.